quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Um poema antigo

De procurar-me,cansei.
De encontrar-me, sorri.
De muitas mentiras, deixei...
elas não sabiam que não eram verdades.
De tantas idéias,morri...
os planos não sabiam que eram futuros,
pois foram criados no presente,
esperando a imortalidade.
Ficaram ausentes.

De tudo o que fui, já não sou.
E do tudo o que eu era, passou.
Dos planos que criei, a ausência.
E dos que nunca tive, a vivência.
Dos ventos que soprei, tempestades.
E das brisas que tomei, frescor.

Amanhã já é o passado, do futuro que penso agora.

domingo, 26 de outubro de 2008

Fatídico

Hoje eu queria fazer um poema
Da poesia triste que eu vi em você
era uma reta tão torta
uma linha tão seca
que até me deu vontade de dizer
sobre esse seu ar decadente
de andar entre a gente
que te faz parecer
tão sério, tão gênio,
tão cansado de tudo
como se já tivesse visto
o mundo duas vezes
e agora quisesse dormir
em pleno fla-flu de domingo.

Tão fatídico você
se auto
(des)entreter.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Um poema desprevenido

Meu amor, só queria lhe dizer
da enorme felicidade que me toma
somente ao lhe ver.

Pode parecer tão frívolo
falar dessa saudade rouca
que me consome sempre
pela ausência da sua boca.

Meu amor, não se espante,
se durante uma noite pálida
eu lhe fizer um poema assim
falando da saudade cálida
e do sentimento fundo
que mantenho em mim!

Meu amor, não penses
que mudei minhas formas
-secas e ácidas-
de digerir o mundo.
Embora encontre no seu abraço
um momento plácido
de amor mudo.

Meu amor, isso é apenas o que a falta
da sua boca linda e das suas palavras calmas
provocam nessa menina boba
-que ainda mantém essa mania híbrida
de manter a vida em rimas
como uma menina-mulher
transvestida em loba
e louca de saudade sem fim....-

Meu amor, canto baixinho
esses poemas bobinhos
pra que você ouvindo meus mimos
nunca se esqueça
do caminho para os nossos momentos
tão lindos e intimos
Os quais muitos, desinformados,
pensariam oníricos
mas não pra mim!

Meu amor, te adoro.

domingo, 19 de outubro de 2008

poetando

Não é que eu queira ficar,
apenas não sinto vontade de ir.
Não é que eu queira partir,
apenas me incomoda parar.
Não é que eu não pretenda explicar,
(ou que você não possa entender)
apenas não consigo demonstrar
a minha estranha vaidade de permanecer.

É uma maravilha,
é uma alegria que me invade
-noite e dia-
quando posso sair por aí
livre e solta
sem ninguém a me seguir.

Não é que você não possa vir,
é que talvez você também se perca
nessa minha imensidão sem cerca,
sem mapa, sem eira, nem beira.
E não é que seja ruim se perder,
mas têm pessoas que sempre tentam se achar
e eu não me importo em me deixar
em permanecer caminhando
e molhando meus pés no mar.

Não é que eu não goste de você,
gosto tanto
que ainda tento permanecer
entre dois mundos distintos
entre a areia embaixo dos meus pés
e as nuvens no céu a me chamar.

Se eu pudesse faria um samba
pra você entender esse meu coração
que não bate, balança.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Canseira

Cansei.
Repentinamente, bateu-me uma canseira.
Canseira das futilidades enormes da vida, das arrogâncias sem motivo, da falta de ética, de sinceridade, de verdades.
Canseira de ter de me reprimir, me conter, me manter, me "socializar".
Canseira de correr numa esteira, enquanto o céu azulado me chama.
Canseira de uma vida cheia de compromissos falsos, quando o que eu preciso é apenas de uma única alegria verdadeira.
Canseira de tantos e inúmeros momentos vazios, que não me fazem pensar, crescer, evoluir, entender-me.
Canseira, canseira, canseira...
Cansei-me.
Quero abraços sinceros, sorrisos verdadeiros, olhares intrigantes, mistérios não duvidosos.
Quero saber que o caminho em que sigo é verídico e totalmente admissível.
Quero poder olhar para trás e ver em uma nuvem de poeira toda essa canseira esvaída.
Quero poder deitar e dormir, tranquila, sem tentar sempre entender porque todas as ruas em que sigo não possuem saída. Sem ter que tentar decifrar tantos enigmas e meias frases.
Queria apenas poder encontrar essa tal sinceridade, que muitos falam, mas poucos usam.

Cansei-me de esperar por algo que, eu sei, não virá.
Mas também não peça pra que me contente com apenas essas migalhas.
Eu quero mais.
Cansei...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Uma certa paz

Então voou.
-uma alma solitária e sorridente
voou por cima da cidade e por cima de muita gente
deixou um rastro de perfume amadeirado
e sumiu no meio da tarde,
calada e suficientemente feliz-...

Então pousou em cima do meu nariz,
uma alma lilás
do jeito que eu sempre quis
-repleta de poesia e de paz-.
Pousou-me aqui.


Então há uma paz.
E, repentinamente, ela me invade.
Então há uma leveza.
E, repentinamente, ela me envolve.
Então há uma beleza.
E, repentinamente, ela me coroa.
Então há uma vida
e, repentinamente, ela me sacia.

Então houve a minha alma
que sempre fora tão afoita.
Então há essa minha nova alma
que se encontra tão calma,
tão bela, tão leve,
tão pacífica, tão completa.

Então não há mais buscas intermináveis,
não há noites de agonias,
não há medos abomináveis,
nem notas de melancolia
arrastadas em uma triste melodia
num bandolim desafinado.

Então há essa vida.
Essa vida calma,
embora não amarga.
Essa vida quieta,
embora não frustrada.
Essa vida branca,
embora não vermelha.
Essa vida sem demasias,
embora contenha suas próprias alegrias.
Essa vida alheia,
suficientemente sozinha.

Então há uma vida,
então há uma alma,
então há uma paz eloqüente
que me invade, me enlaça
me deixa até dormente,
embora esteja muito bem acordada.

Então cá estou
sem tantos rebuliços
Mas com vestido de festa
pra vida que vou,
mantendo comigo
uma alma pousada
lilás e engraçada
que se aconchegou na ponta do meu nariz
e que dentro de mim ficou
guardada e pulsante
alegre e amante
firme em mim.

Uma alma ganhada
sempre alada
uma paz engraçada
que me deixa
Simplesmente
estranhamente feliz.

Então cantei.

-drika.amaral

domingo, 27 de julho de 2008

Estranho

Estranho é meu coração ainda lembrar tanto de você,
estranho é tentar te esquecer
quando o que eu mais queria era te manter.
Estranho é aceitar sua partida
Quando você me dizia querer ficar.
Estranho é ter de pensar que tudo acabou
quando algo em mim
me diz que ainda não é o fim.
Estranho é me acostumar sem você aqui.
Estranho é não lhe ter
e ainda mais estranho é saber
que quem lhe tem
não lhe possui verdadeiramente.
Estranho demais até mesmo para mim,
que aprendeu com a vida
a amar assim
estranhamente.

-drika.amaral.