sexta-feira, 27 de junho de 2008

Cada pedacinho de você

Eu tentei te manter
com meus dedos perceber
memorizar cada pedacinho seu
e então durante a noite
enquanto o sono não vem
pensando em você
posso me entreter
revivendo cada pedacinho de você.

Porque a saudade me mata
porque sua ausência me dói
e pra curar essa carência,
essa urgência afoita em te ver
eu guardei na minha mente
cada pedacinho de você.
E assim quando meu peito arder
quando sua boca me faltar
e no seu abraço eu não poder me perder
Eu sempre vou estar
com cada pedacinho de você!

Cada pedacinho de você,
que eu tentei manter,
percorrendo meus dedos treinados
pra poder te rever
estão guardados pra sempre
onde só eu possa perceber,
e, durante a noite,
enquanto o sono não vem,
rolando na cama
pensando em você
eu posso me entreter
revivendo e mantendo
cada pedacinho de você.

Cada pedacinho de você,
mantendo sempre
cada pedacinho de você,
pertinho sempre
cada pedacinho de você,
amando sempre
cada pedacinho de você,
enquanto não posso ter
você inteiro
eu me mantenho
com cada pedacinho de você...

...e com aquele seu cheiro no meu travesseiro,
e com aquele seu jeito surpreso,
e com aquele seu beijo travesso,
e com aqueles seus olhos festeiros,
e com tudo aquilo que só eu posso ver...
...Cada pedacinho de você!

-drika.amaral

domingo, 22 de junho de 2008

é terno

Apesar dos pesares
Apesar do que dizem
Apesar dos que desacreditam
Apesar de não entenderem
Eu sei...
Eu sinto...
Eu senti...
Apesar dos obstáculos
Apesar de outros
Apesar dos nossos medos
Apesar de tantos erros
Eu sei...
Eu sinto...
Eu senti...

Era real,
era verídico,
era confuso,
era profundo,
era tão místico.
Apesar de tudo
eu tenho certeza
que nas suas lembranças
me vê com clareza
e dói lá dentro
e pesa tanto
como em mim.

Porque é real,
é verídico,
é confuso,
é profundo,
é tão místico.

E, apesar de tudo,
eu não vou desistir.
Porque tem algo aqui
dentro de mim
que me diz
Acredite.
Há algo aqui dentro
de mim que me diz
É certo,
é forte,
é recíproco,
é repleto,
é completo.

Eu espero
o tempo que for
sem tristeza,
nem mágoa,
nem dor.
Eu sei
é inevitável
é cármico.

Se for agora ou em outra vida
eu espero,
embora ainda guarde o sabor
de te ter por perto,
sem rancor,
nem mistério.
Eu te espero, eu persevero
e, digam o que quiserem,
eu sei que é o certo.

E pra mim o correto é você
ainda que não perceba
ou não queira entender.
Ainda que tenha medo
ou receio de se perder.
às vezes o correto parece
incerto e lhe faz se esconder,
mas a vida o trará a tona
e o fará perceber...

Não há como tentar se esconder,
negar ou fugir.
Vai estar sempre
dentro de você
pulsando e o fazendo
se perguntar "porquê".

Eu persevero e perseverarei
Não se espante, nem se desespere
eu te esperarei,
tolerante,aqui estarei.

-drika.amaral

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Navegam-me

E nessa confusão de sentimentos
de euforia e de ira
de alegria e insanidade
boiando por sobre as ondas
que me arrastam desnorteada
eu me pergunto:

até onde? Até onde?

Eu já nem sei mais.
Apenas vou sendo levada
e sem forças me deixo inerte
carregada pelas ondas
abraçada pelos braços longos
do destino inexóravel
ao qual me exponho.

Até onde? Até onde?

Já não sei.
Nem ouso querer saber.
Porque, afinal de contas,
pelo destino ou por minhas escolhas
eu sempre mantenho o que não aprecio
e jogo fora o que me é preciso.
Uns diriam ousadia
eu digo mesmo estupidez.
Falta de saber viver
e aproveitar a vida.

Até onde? Até onde?

Navegam-me, as vezes,
até mesmo sem a minha companhia.
Navegam-me.

-drika.amaral.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Perco-me de mim

Às vezes eu sinto que me perdi de mim mesma. Mas não me perdi por aí... Perdi-me dentro de mim. Parece complicado, mas não é. Sinto que a pequena relação que existia entre mim e eu mesma foi desfeita. E, desconfio seriamente, que se perder não seja assim tão ruim. Pelo contrário seja a melhor solução. Porque estar perdido também é uma forma de ter um caminho. Estar perdido nos mantém ocupados procurando. E, por procurar de forma incessante, acabamos encontrando o que nem havíamos descoberto dentro de nós mesmos. Com tamanha surpresa, perdemo-nos novamente.
É nessa fase que me encontro. Após tamanhas descobertas dentro de mim, estou assim, parada, observando esse novo ser, boquiaberta e perdida. Perdida porque o que eu era, definitivamente, já não se torna mais suficiente para preencher-me. Boquiaberta por descobrir-me muito mais forte e sábia. Perplexa com tamanha paciência que desabrochou dentro desse meu peito e dessa minha mente irrequieta. Desorientada com meus batimentos cardíacos que, incrivelmente, soam mais forte dentro do meu peito. Tão forte que me movem. A cada pulsar me impulsiono pra frente. E, quando antes eu desistiria, agora me sinto ainda mais motivada. Quando antes me sentiria envergonhada, agora me mostro ainda mais atirada. Quando antes era monocromática, agora me pinto tão colorida e surreal tal qual a um devaneio de Dali.
Perco de mim e dentro de mim mesma. Embora à primeira vista essa frase estarreça muitos ouvidos, eu me sinto muito mais confortável e segura, agora que estou perdida. Sinto-me possível por ser o que eu não era e por descobrir isso. Ainda que seja triste deixar de ser, é ainda mais excitante permitir-se ser de novo. Ser outra e não ser nada. Perder-se na sua incrível vastidão de humano. Perder-se e procurar-se. Procurar-se e descobrir-se. Descobrir-se e admirar-se. Admirar-se e perder-se, novamente. Num ciclo infinito que me mantém viva. Reinventando-me tal qual às minhas personagens.
É por perder-me que me encontro. E por encontrar-me é que volto a me perder. Por continuar recriando a mim mesma é que permaneço. Por permanecer é que ainda vivo.
Às vezes eu sinto que me perdi de mim mesma... E quando isso acontece uma alegria rejuvenescedora me invade. Irei começar mais um ciclo. Enquanto esses ciclos se mantiverem eu saberei que estou viva. Quando não tiver mais essa sensação de perda então começarei a me preocupar, pois a morte rondará minha cama e segurará meus sonhos em suas mãos de pedra. A morte é a única que não se permite estar perdida. A morte é como uma bússola muito bem orientada para o fim. Por isso mesmo perco-me. Perco-me infinitamente, ainda que eu saiba o que me esperará no final de todos os caminhos. Perco-me, ainda assim. Perco-me de mim.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

...e eu?

Ele e ela nos feriados,
eu e ele nos intervalos,
Ela e ele nos jantares
ele e eu nos calcanhares,
Ele e ela nas festas
Ele e eu pelas frestas.

Ele e ela no futuro
eu e ele no absurdo.
Eu sozinha no futuro
Ela e ele no escuro,
eu e ele no adeus,
Ele e ela no presente.

Ela noiva
e eu o quê?

Eu sozinha no natal,
ele e ela sem amor...
Eu sozinha no carnaval,
ele e ela sem amor...
Eu e ele apaixonados,
ele e ela sem amor...

Ela é a noiva
e eu “o quê”.

Só não entendo ainda
Ela é noiva
mas porquê?

Ela é noiva;
eu sou nova.
Ela é Amélia;
eu sou Madona.
Ela é noiva;
Eu sou a outra.
Ela é madura;
E eu sou ousada.
Ela é cafona;
e eu descolada.
Ela é noiva
e eu fui usada?

Ela é noiva
e eu reciclada.

-drika.amaral
In "dedicatórias ao noivo de outra" .

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O noivo dela

Ficaram abril e maio namorando
em junho noivaram
Eram belos e tão meigos apaixonados.
Seria uma bela história
se ele fosse noivo meu e não dela.

Ficaram abril e maio namorando
em abril eu o vi e em maio me apaixonei
em junho falei
em junho noivaram.
Seria tão trágico
se aquele noivo não fosse dela, mas meu!

Ficaram abril e maio namorando
em abril ele me viu em maio me seduziu
Em junho noivaram
e em junho ele investiu
Seria tão bom
se ele não fosse o noivo dela...!

"Ficou confusa em junho
e em julho desistiu"

Pensavam sobre mim.
Porém, a verdade é que
a história seria tão mais bela
se aquele noivo não fosse dela, mas meu!
Em julho ele insistiu
pra ser homem meu
e noivo dela.

Em julho o homem era meu
e o noivo era dela.
Em julho, ele prometeu
um homem pra mim
e um nome pra ela.

Embora ainda assim
seria bem melhor
se ele fosse noivo meu e não dela...!

-drika.amaral
In "dedicatórias ao noivo de outra"

se fosse possível...

Se fosse possível
não seria bonito
Se fosse plausível
não seria tão cético.

Se fosse verídico
não seria tão rítmico
mas sendo ilusório
se torna poético.

Se fosse inatingível
seria inspirador
mas se fosse crível
seria patético.

Se fosse tangível
seria raquítico
mas sendo impossível
se torna ideal, terno e eterno...

Por ser irreal é que se crê amor,
mas por ser possível é que se torna incrédulo.

-drika.amaral
in "dedicatórias ao noivo de outra"