sábado, 31 de janeiro de 2009

Um centímetro de paz,
um milímetro.
Um instante,
um segundo,
um dilúvio.

Um pouco,
um pouquinho,
um pedaçinho,
seria pedir demais?

Ah a paz...
Que mania de se esconder
por debaixo das pedras,
atrás de paredes,
longe de mim
e perto de você.

Um centímetro de paz.
Demais?

domingo, 11 de janeiro de 2009

A lenda da mulher careca

Ah como eu gostaria de entender
porquê meu cabelo teima
em não parar onde deveria
vai pelo ralo, vai pela pia
e ali fico assistindo-o;
nem ao menos me deixa
questionar-lhe o porquê da partida.
Enquanto ele parte, assim sem aviso,
me parte também o trejeito feminino,
e mantendo sempre o mesmo repartido
no cabelo agora desolado
vou disfarçando o que todos vêem,
mas se calam...
-Cuidado! -exclamam as crianças medrosas-
lá vem a mulher careca...E dizem que elas, à noite, roubam criancinhas!-
E assim nasce mais uma lenda poderosa
para a tal dona Caronchinha.

E lá se vão mais alguns fios apressados pela pia.
Que tristeza repentina
que assola a rotina dos carecas
com suas pobres cabecinhas alienígenas.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Que incrível esse ser humano!
Tão pálido, tão fraco, tão raquítico.
Que magnífico esse ser humano!
Tão fútil, tão tolo, tão mesquinho.
Que patético esse ser humano...

...Interessante mesmo seriam as baratas,
as únicas que sobreviveriam a nossa tragédia grega
e enfim poderiam divulgar aos quatro cantos
a genialidade dos seres humanos,
a única raça capaz de entrar em extinção
devido aos próprios atos,
quanta superioridade- diria uma delas
enquanto as demais baratinhas aplaudiriam
a ilustre epopéia do herói patético sobre duas pernas!