sábado, 29 de novembro de 2008

Se ria...

Era um sorriso fino e louco que transpassava pela boca. Uma felicidade muda, rouca. Era uma leveza inquietante, que incomodava a respiração alheia.
Ficava ali parada, sorrindo, borboleteando. Mas não gargalhava. Era um sorriso quieto, permanente. Era uma alegria quase palpável.
Ninguém imaginava o que corria velozmente atrás dos grandes olhos que se riam, nem o que fomentava àquele riso incômodo e ingênuo.
Ninguém sabia o quanto era aliviante àquele riso. O quanto pacientemente ela o aguardou. Ninguém sabia por que ela sorria. Talvez nem ela mesma.
Apenas existia e amava. Sorria. Pois ela não era calma, nem paciente, nem descabida. Era uma menina que ria pelo canto da boca. Ela se ria.
Saudosista de si mesma, se ria. Ele era calmo, melodia. Ele era a paz, a nostalgia. Ela menina, se ria, se ria, se ria... Infinitamente pelo instante do até breve.
Se ria passarinha de si mesma. E seu riso se espalhava pela boca. Como bola de sorvete que escorre no vento, seu riso escorria pelo canto da boca e inundava as bordas da alma.
Até breve, dizia. Se ria.

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