domingo, 30 de março de 2008

Loucura

Sou uma invenção.
Uma criação sem muito nexo.
Sou uma imaginação de mim mesma.
Eu me imaginei,me criei, me denotei.
Inventei meus gestos,
meus sonhos,meus sabores,
e executei-os.

Cortei alguns excessos,
reli o rascunho,
revisei os erros e
engavetei-me.

Não achei uma boa criação.
Nem era tão autêntica.
Tinha mesclas de poetas
e enlaces de vivências
dissipadas.

Era irrefutavelmente passional,
e também prolixa.
Tinha muita realidade e diversos paradoxos
que fugiam das métricas
e das rimas.

A invenção,repentinamente,
não parecia muito inventada.
Engraçado...Era realmente
semelhante a imagem do espelho.

Mas,oras,eu mesma não inventei
também a imagem do espelho?
E, eu mesma, também
não coloquei esse espelho nesse cenário?

A criação engavetada
começava a invadir-me a mente
-que eu já nem sei se é minha
ou inventada por mim mesma-.

Creio ter começado a me perder
dentro da minha própria narração.

Segurei a primeira mão que vi na frente
e fui tomar um café
-bem forte e bem quente-
tentando descobrir se
a narradora é autora,
ou se tudo é inventado.
Se há algo que una
todos esses pedaços
e torne todos eles
mais crentes,
menos insanos,
mais "gentes".

Loucura.

-ds.

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